Em junho passado, durante a semana de moda masculina de Milão para o verão 2015, Miuccia Prada vestiu modelos homens e mulheres com looks praticamente idênticos na passarela de sua grife. “Eu penso em pessoas, não em gênero”,disse a italiana no backstage.
Miuccia (que é PhD em ciência política, vale lembrar) é hoje porta-voz da defesa de
umestilo gender-neutral, como esse conceito foi batizado lá fora. Não tem nada a ver com o velho hábito de pegar calças e blazer sem versão oversized do armário do namorado – a chave do gender-neutral são roupas unissex, que podem ser usadas da mesma forma por homens e mulheres. Também esqueça a palavra androginia, que soa datada neste momento de “abaixo os rótulos”.
A obsessão de Miuccia pela convergência dos guarda-roupas é tanta que, em janeiro passado, a Prada distribuiu um manifesto em sua última apresentação de menswear.
“Esses shows são perfeitos para se analisar o assunto com profundidade e mensurar o que os dois gêneros compartilham”, dizia o texto. Antes de chegar às passarelas das grandes marcas internacionais (a Giorgio Armani também enfileirou casais usando as mes-mas peças de alfaiataria na última temporada masculina de Milão),a ideia de uma roupa capaz de entrar para o closet deles e delas se disseminou entre jovens talentos londrinos, caso de Astrid Andersen e J.W.Anderson – o último vende na área feminina de seu site boa parte do que cria para as apresentações de menswear de sua grife, o que chama de “zona neutra” da moda.
Em sintonia com a cena fashion da cidade, a Selfridges abrigará do dia 12 deste mês até o fim de abril uma pop-up store com itens unissex de 40 marcas,das peças conceituais da veterana Comme des Garçons às t-shirts exuberantes do argentino radicado em Milão Marcelo Burlon. (SILVIA ROGAR)
Fonte:vogue.globo